O hiperfoco pode ser definido como uma forma intensa de concentração em um determinado tema, tópico ou assunto e isso é muito comum dentro do espectro autista. Não é como se o hiperfoco fosse uma exclusividade do TEA, momentos e situações de hiperfoco podem acontecer com qualquer pessoa, por exemplo, se você gosta muito de ler sobre um determinado tema, você tende a destinar um tempo do seu dia para consumir aquele conteúdo que te agrada, esse é um momento de hiperfoco, onde você está direcionando toda a sua atenção para um mesmo assunto.
O que diferencia o hiperfoco no caso do TEA é a dificuldade de flexibilizar ou variar a temática que está sendo focada. O hiperfoco pode ser em: livros, animais, letras, números, objetos ou qualquer tópico que possa despertar interesse. Talvez você já tenha observado momentos de hiperfoco sem saber, ou até mesmo entender o porquê desse comportamento.
O cérebro da pessoa autista é hiperexcitado e divide sua atenção simultaneamente para diversos acontecimentos à sua volta. Por isso, algumas vezes estar em “modo” de hiperfoco pode ser uma maneira de se auto regular, manter-se numa linha de pensamento única, para sentir-se no controle da situação. Em momentos de ócio o autista pode buscar se hiper focar em alguma atividade para não ficar apenas observando os eventos que o cercam.
O hiperfoco também pode ser um refúgio para o autista. Episódios de estresse ou situações tensas e desconfortáveis fazem com que ele busque usar esse método de escape para não ser atingido por aquela perturbação. Mas a grande questão para todos os envolvidos com o TEA é como lidar com o hiperfoco no dia a dia.
Para as crianças, um bom caminho é tentar apresentar novos interesses e variar sutilmente a atenção da criança para outras temáticas. No caso de uma criança que está hiper focada em carros, que só brinca e só fala sobre isso, o familiar pode tentar incluir no universo dos carros novos personagens e participar da narrativa junto com a criança. Por exemplo, contar uma história que tenha carros mas também tenha pessoas se relacionando, indo a escola, trabalhando e fazendo coisas rotineiras, isso vai trazer um ponto realista que aborda socialização aos pensamentos do autista.
O hiperfoco tende a causar prejuízos na interação social e no desenvolvimento escolar, principalmente no período da adolescência, nesse momento pode haver foco em temáticas intelectuais, isso é muito bom para o aprendizado do adolescente, mas pode prejudicá-lo em outras matérias. É importante estimular a variação de interesse, apresentar assuntos de disciplinas diferentes para que o adolescente consiga estudar e aprender sobre todas elas.
Há pontos positivos no hiperfoco, se conduzido corretamente ele pode ajudar a pessoa a desenvolver novas habilidades. Pensando por esse lado um adolescente que se concentra em estudar biologia pode vir a se tornar um excelente biólogo, o papel das pessoas que cercam o autista é tentar direcionar esse foco para atividades positivas que agreguem à vida e ao futuro dele.
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